São grandes tremores partidários, enchentes de acusações, deslizamentos de atitude e mortes políticas. A política parece estar entrando em colapso, é o temido fim dos tempos profetizado por muitos e creditado por poucos. O apocalipse político é noticiado tacitamente pela mídia em forma de epidemias de corrupção, catástrofes governamentais incontidas e desumanização das relações sociais e pessoais. Os profetas políticos, por sua vez, corroboram com o coro dos aflitos e anunciam o apocalipse: estamos no limite.
Enquanto as calamidades políticas são encaradas como “necessárias” e “comuns”, o sistema elitista de poder, composto pelas grandes corporações político-empresariais e outras hierarquias governamentais, continuam a beneficiar-se da grande massa de homens e mulheres, sejam trabalhadores ou desempregados, pessoas que são exploradas dia após dia. Em Sarandi, o descaso generalizado é visível nos espaços urbanos e rurais sem infraestrutura, condições insalubres de sobrevivência, falta de infraestrutura na saúde pública e propagação de atividades criminosas.
É neste cenário apocalíptico que ocorrerão as eleições em Sarandi. Haverá, então, esperança para o sarandiense? Não se tem certeza. A única coisa que temos certeza é que alguns grupos políticos se tornam cada vez mais poderosos e com isso cada vez menos interessados no bem coletivo, transformando o povo numa grande massa de manobra e os eleitores na mais valiosa moeda de troca, e os convertem em cargos e posições de liderança. Ao invés de ouvirmos propostas de governo coerentes, recebemos algumas declarações anestesiadas; ao invés de vermos candidatos dispostos a investir em políticas públicas, somos nocauteados por discursos retóricos e brigas partidárias.
Para eles não interessa o que é melhor para Sarandi, pois, parafraseando o clássico articulista Maquiavel, “as finalidades pessoais justificam os meios coletivos”. Explicando de outra forma, não importa se a Avenida Londrina está repleta de lixo, ou se a Avenida Belo Horizonte está cheia de buracos; se não existe sistema de esgoto no Jardim Verão ou ainda se o filho do meu amigo morre na fila do Pronto Socorro porque não conseguiu ser atendido. O que interessa é que todos esses “pequenos sacrifícios” serão apenas estatísticas, ocultadas por relatórios falsos ou usados nos discursos de políticos opositores.
Quanto tempo é perdido nas disputas mesquinhas entre coligações políticas? O que temos ganhado com os conchavos políticos? Sarandi está gabaritado para falar sobre isso. Por dias ou meses, a população saradiense assistiu de camarote aos momentos de “dúvidas” e ameaças entre correligionários e aderentes para saber se o ex-prefeito, Milton Martini, seria ou não cassado; ou quem assumiria a cadeira de prefeito; ou quem seria secretário de fazenda, de saúde, de educação, entre outras, se De Paula ou Cilas assumisse. Quem faria o quê? Eis agora as novas preocupações que norteiam a vida de alguns políticos de Sarandi: os rumos da campanha eleitoral de 2012 em território saradiense.
Resta a nós saber: Quem nós somos? Por que a nossa cidadania não tem sido nem um pouco respeitada? Onde forão parar nossos direitos e garantias (certificados pela Constituição)? Por que nos deixamos afligir e paralisar por tão pouco?
0 Comentários:
Postar um comentário