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     Aquele que crê possuir a verdade erra em não se preocupar em procurá-la.

sábado, 24 de abril de 2010

COMBATE À CORRUPÇÃO

Era fevereiro do ano 2000 quando uma verdadeira avalanche de denúncias de corrupção varreu o Paraná. A estada de apenas alguns dias da Comissão Parlamentar de Inquéritos Nacional sobre o Narcotráfico (CPI do Narcotráfico) foi a principal responsável por trazer à tona denúncias que envolviam várias esferas do poder público, sobretudo integrantes da Polícia Civil ligados diretamente ao crime organizado. Foram reveladas histórias que há muito permeavam os meios políticos, as conversas na Boca Maldita e as redações de jornais como boatos. Viraram manchetes e, portanto, fatos a serem investigados.

Dezenas de policiais e até mesmo o secretário da Segurança Pública do Paraná à época, Candido Manoel Martins de Oliveira, foram ligados – através das denúncias - principalmente a dois criminosos tidos como “reis do roubo e desmanche de carros no estado”. Eram denúncias de assassinatos, subornos, extorsões, roubos, não apenas encobertos, mas muitas vezes praticados pelos próprios policiais.

Entretanto, com a mesma velocidade que as denúncias varreram o Paraná a impunidade tomou conta. Muitos dos grandes criminosos revelados, como o ex-policial Samir Skandar teve liberdade para fugir e se “esconder” em sua própria casa, em Curitiba, durante anos. O homem apontado como o “rei dos desmanches” Paulo Mandelli também fugiu. Um incêndio criminoso destruiu provas e inquéritos revelados e abertos a partir das denúncias da CPI Nacional do Narcotráfico que eram arquivados na sede da Promotoria de Investigação Criminal (PIC) do Ministério Público Estadual. Até hoje, o caso permanece obscuro.

Esta série de revelações acompanhada por uma série de “trapalhadas” que permitiu a impunidade de muitos transformou a mentalidade dos paranaenses denegrindo esferas do poder público, principalmente a Polícia Civil. Aos poucos, os casos todos voltaram a fazer parte apenas dos mexericos da Boca Maldita e das redações de jornais. Foram praticamente esquecidos.

Mas, durante a campanha eleitoral de 2002, o então senador e candidato ao Governo do Paraná, Roberto Requião, levantou a bandeira do combate à corrupção. “Vou acabar com a banda podre da polícia e o quê ou quem a ela estiver ligado”, prometia o candidato. Eleito com mais de 55% dos votos, começou uma verdadeira cruzada para cumprir o prometido.

Ele mesmo fez questão de conduzir a pasta da Secretaria da Segurança do Paraná durante os primeiros meses de governo para conhecer de perto a realidade das estruturas policiais. Inovou e levantou uma polêmica quando nomeou o promotor público Luiz Fernando Delazari para conduzir a segurança no estado. Até então, era de praxe que delegados ou coronéis fossem os secretários. Paralelamente, Requião aprovou uma profunda mudança no Estatuto da Polícia Civil do Paraná para acabar com o corporativismo, agilizar e aumentar as punições para os desvios de conduta comprovados. O novo Estatuto permitiu que promotores fizessem parte do Conselho de Disciplina para que acompanhassem de perto os processos movidos pela polícia contra seus policiais.

Ao mesmo tempo, Requião implantou o Grupo “Mãos Limpas” formado por vários órgãos do governo, Poder Judiciário, Ministério Público, prefeitos e sociedade civil organizada para discutir as ações da segurança pública. A reunião acontece todas as semanas desde 2003, no Palácio Iguaçu. Além disso, a Secretaria da Segurança Pública foi dotada com modernos equipamentos e criou o Departamento de Inteligência do estado do Paraná (Diep), peça fundamental para investigar o crime organizado e o envolvimento de policiais com criminosos. Foi criado ainda o Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce), um modelo inédito de delegacia para combater principalmente os crimes do “colarinho branco”. A Corregedoria da Polícia Civil também foi reformulada e, pela primeira vez na história da instituição, é comandada por uma mulher, a delegada Charis Negrão Tonhozi.

Enfim, inúmeras operações já desbarataram quadrilhas do crime organizado que envolviam agentes públicos colocando em cheque a prática de corrupção dentro no Governo do Paraná. As principais serão listadas em detalhes neste relatório. Mas, em quatro anos de ações intensas de combate à corrupção, a Secretaria da Segurança Pública já pode resumir que suas investigações devolveram mais de R$ 1,5 bilhão aos cofres públicos e já colocaram atrás das grades – além de expulsar dos seus quadros - mais de 250 policiais corruptos.

Temos a plena certeza de que o problema não está extinto, entretanto, esta luta intensa do Governo do Paraná no combate à corrupção com certeza já transformou as instituições policiais devolvendo aos honestos o orgulho de trabalhar em defesa da sociedade.

Luiz Fernando Delazari
Secretário da Segurança Pública do Paraná


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